Cadeirantes fazem amor e sexo!!!!

Belo tema


SEXO SOBRE RODAS

Escrito por Fernanda Garcia | Postado em Saúde

por Fernanda Pereira
Crédito: Imagens Google imagens
Quando você vê alguém em uma cadeira de rodas, logo imagina que aquela pessoa não tem uma vida sexual ativa e saudável, pensa que nada da cintura para baixo “funciona”, certo?
Errado!
É comum para quem não tem nenhum tipo de limitação física e também não convive com cadeirantes, imaginar que eles não desfrutem de uma vida sexual como a de um “andante”. O pensamento da maioria das pessoas gira em torno do movimento do corpo e, quando alguém não pode andar, também não pode usar o que fica da cintura para baixo. O professor universitário de educação física, Rodrigo Tadeu Silva Ferreira, que em 2008 completa 11 anos de lesão na medula, explica que a limitação física e a cadeira de rodas trazem a falsa impressão de inatividade e monotonia. “Mas no meu caso não, eu tenho boa mobilidade e sou bem habilidoso sexualmente falando”, garante o professor.
Rodrigo, hoje com 35 anos, era ginasta quando ao realizar um salto duplo mortal para frente, caiu e deslocou as vértebras cervicais. Ele, que já era formado em educação física, enfrentou cirurgias e muitas sessões de fisioterapia. Hoje mora sozinho e realiza todas as tarefas do dia-a-dia sem o auxílio de outras pessoas. Deixou de trocar passos para tocar as rodas. “Faço tudo sozinho, sou independente. Vou para festas, dou aulas na faculdade, namoro, estudo. Toco minha vida sobre rodas numa boa”, conta Rodrigo.
A psicoterapeuta e psicodramatista Magda Gazzi, explica que nos homens o desejo sexual permanece inalterado após uma lesão, mas a vida sexual depende de muitos outros fatores além de somente estímulos físicos como, toque, beijos ou carícias. A forma como se pensa o sexo passa a ser muito importante, os sabores, os cheiros, os sons, todo o clima que antecede o ato sexual passa a ser extremamente importante. “A ereção depende do nível da lesão e se é ou não completa. Os estímulos visuais, por exemplo, responsáveis pela ereção psicogênica, passam a ser muito importantes já que nem sempre o corpo responde de imediato ao toque”, explica Magda. Após uma lesão, é comum perceber a ereção dificultada, sensibilidade diminuída e até ausência de ejaculação. “Existe uma cultura machista que sinônimo de masculinidade e virilidade é ter pênis ereto e penetrar a mulher. Com o tempo descobri que ser homem é muito mais que isso e que não é ‘pau duro’ que as mulheres querem e sim um homem no modo de ser completo”, esclarece Rodrigo, que além de professor é campeão de natação e atletismo em jogos paradesportivos.
A ejaculação é um processo fisiológico e o orgasmo é um processo sensitivo, portanto, pode haver orgasmo sem ejaculação e ejaculação sem orgasmo. “Ocorrem quase ao mesmo tempo, mas não são a mesma coisa”, garante a psicoterapeuta Magda Gazzi. A lesão afeta todo o corpo, inclusive a função sexual. Assim é necessário inventar e descobrir novas formas de amar, com muito carinho e cumplicidade tudo se resolve. “O toque, os beijos, o calor do corpo, os lábios, a língua e as carícias tornaram-se ferramentas importantes e, apesar de existir a penetração ela não o principal”, complementa o engenheiro de software e técnico de sistemas Hélio Araújo Portela, 38 anos, há 18 lesado medular.
E nas meninas?
Várias mulheres com lesão permanecem férteis e capazes de gerar um bebê. A menstruação geralmente pára logo após a lesão, mas o ciclo menstrual volta ao normal em no máximo um ano. Depois desse período a mulher pode engravidar, desde que realize o acompanhamento médico e se atente a alguns pequenos cuidados. O risco de infecção urinária, por exemplo, é maior. Alguns estudos na área mostram que elas demoram mais tempo para alcançar o orgasmo, mas ainda que ele seja uma sensação de prazer intenso, a satisfação sexual em si não requer orgasmo. “Depois do acidente, percebi que era preciso adquirir habilidade para outros pontos de sensibilidade. Aprendi que meus seios estavam super sensíveis, as orelhas, pescoço até as mãos ficaram mais sensíveis”, confirma Bianca Kallil, 26 anos, designer de móveis que sofreu um acidente de carro aos 19.  “Nas mulheres, a resposta sexual funciona da mesma maneira que nos homens, porém, como não tem ereção declarada, fica “mais fácil” manter o relacionamento sexual. Porém tudo depende muito do nível da lesão, tanto nos homens quanto nas mulheres”, afirma Magda Gazzi, que também é colaboradora do Projeto Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. O projeto destina-se à assistência, ensino, pesquisa e prevenção dos transtornos da sexualidade, bem como a serviços junto à comunidade.
Além de todas as técnicas físicas para dar e sentir prazer existem ainda as evoluções da ciência, que possibilitam uma maior qualidade para o ato sexual, por exemplo, as pílulas a base de sildenafila, como Viagra, Levitra e outros usados no tratamento da disfunção erétil no homem. “O medicamento melhora o que já existe, há necessidade de existir excitação, desejo e um esboço de ereção para que tenha o efeito esperado. Ele não provoca essas sensações, isso é da pessoa, da situação”, explica Rodrigo.“Sem o remédio dá pra levar, mas com ele a qualidade da transa é outra”, afirma o estudante de Letras, João Manuel Ardigo, 37 anos, autor de dois livros que contam sua trajetória de recuperação após ser atropelado por um caminhão há 11 anos.
O prazer que vem do sexo acontece de muitas maneiras diferentes. A experiência de novas táticas associadas a boa comunicação entre os parceiros são as chaves para uma vida sexual satisfatória, em todos os casos. É possível viver bem numa cadeira de rodas e com qualidade, nem tudo é 100% bom ou 100% ruim. “Quando me perguntam como é estar na cadeira, digo que eu gosto e eu tenho de gostar porque poderia estar pior. Muita gente fica pasma pensando que sou louco, mas na verdade é ela que me leva aos lugares. Penso na cadeira de rodas como um objeto que traz benefício e não como muitos enxergam como algo ruim e assustador”, conclui Rodrigo.
Uma vida nova
A incidência de lesões medulares traumáticas no Brasil é alta. Estima-se que ocorram cerca de 11.300 novos casos por ano. São muitas as formas de acidentes causadores desse tipo de lesão, as mais comuns são acidentes no trânsito, armas de fogo e desajeitados mergulhos em rios, piscinas ou lagos muito rasos. Quando a medula espinhal é afetada por problemas como tumor, hemorragia, infecções, acidentes vasculares entre outros, a lesão é chamada de não-traumática. Após um ferimento na medula, a pessoa perde os movimentos do nível do local afetado para baixo, pode ser uma paraplegia (paralisação de pernas, tronco e órgão pélvico) ou tetraplegia (paralisação de braços, pernas, tronco e órgão pélvico). A lesão ainda pode ser completa ou parcial. “A completa é considerada definitiva, pois o paciente perde todas as funções sensitivas e motoras abaixo do local afetado. Já a parcial pode ser reversível, já que o paciente pode ter algum movimento voluntário ou sensação abaixo da lesão”, explica o professor doutor em neurocirurgia, Adelmo Ferreira.
A medula espinhal é como um fio elétrico, às vezes é possível reconectar os cabos, mas em alguns casos, eles são irremediavelmente danificados, como se tivessem sido cortados com uma tesoura, ela regula não só as funções motoras, como as respiratórias, circulatórias, excretoras, sexuais e térmicas. Por isso o processo de reabilitação é longo e um desafio para profissionais e para o próprio paciente. “No começo há uma confusão de sensações, ficamos decepcionados com isso. Tentamos adivinhar o que estamos sentindo e, às vezes não sentimos nada. Nessas adivinhações algumas acertamos, mas a maioria, erramos. O tempo ensina a viver com a nova situação, tirando dela o que há de melhor”, declara o professor Rodrigo Tadeu.


Sexo Sem Barreiras


Já que 31 de julho foi o Dia do Orgasmo, vamos falar daquele assunto que todo mundo adora: SEXO. E quando eu falo todo mundo, estou me referindo também a turminha do lesado medular.Eu não sei porque, mas todas as novelas e filmes que assisti até hoje retratam o cadeirante como impotente ou assexuado... Não é por aí!
Quando uma criatura tem a sorte de ser premiada com uma lesão na medula, podem ocorrer uma série de mudanças fisiologicas. Nas mulheres pode haver ausência de sensibilidade e déficit de lubrificação, mas a ovulação é preservada. Nos rapazes, pode ocorrer ausência de ereção, de ejaculação, perda de sensibilidade ou uma hipersensibilidade – o que pelo nome parece bom mas não é! A hipersensibilidade pode ser percebida como dor. A fertilização pode ficar comprometida devido a uma queda da taxa da produção de espermatozóides. E é comum existir ereções involuntárias. Tipo, o cara tá na fisioterapia super concentrado nos exercícios e quando olha pra baixo tem mais gente participando da sessão! Mas, como cada caso é um caso, mesmo tendo uma lesão bem parecida, cada indivíduo vai ter comprometimentos e sequelas diferentes.
            Bueno, quem lê o prognóstico acima e o compara com o que está escrito no primeiro parágrafo deve ficar se perguntando... Mas como o cadeirante não fica brocha e assexuado se ele perde a sensibilidade e a ereção? Calma, eu já vou chegar lá (com o perdão do trocadilho)!
Logo após sofrer uma lesão medular o mundo vira de cabeça pra baixo, mas nem tudo está perdido! No processo de reabilitação, diversas atividades podem ser reaprendidas ou readequadas. Tu pode não caminhar, mas vai aprender a tocar a cadeira, vai adaptar o que for necessário para retomar o trabalho, e é assim também no que diz respeito ao sexo.
Claro que esse processo leva tempo e requer autoconhecimento, mas o que quero mostrar aqui é que é possível ter uma vida sexual ativa e prazerosa depois da lesão. Como diz uma amiga minha que também é cadeirante: ‘O desejo sexual segue o mesmo. Talvez tu não consiga fazer determinadas posições na beira da praia, mas dá pra fazer outras.’ Fazer de pezinho vai ser complicado, mas existem tantas outras opções!
Na real, depois da lesão, tu acaba aprendendo a dissociar o prazer sexual do ato em si. A coisa passa a não ser só a tchaca-na-butchaca. E de certa maneira, isso traz qualidade pro relacionamento. O tesão vai estar mais associado a intimidade e ao emocional.
Mas, daí alguém pergunta: se a pessoa não sente boa parte do corpo, como serão as preliminares? Bom, dá pra explorar as partes que se sente. Até o mais tetrão dos tetras sente a orelha, a boca, o couro cabeludo. E com um espelho no teto, dá pra explorar as partes que não se sente. O estímulo visual ganha uma atenção especial, ui! Falar coisas sensuais também atiça os ânimos. E tem mais, o orgasmo é uma função cerebral. Segundo a sexóloga Laura Müller ‘No cérebro, há o que se chama de centros de prazer: diversos núcleos onde se concentram as células nervosas responsáveis pela sensação de prazer.’ Ou seja, é possível ter orgasmo mesmo sem sentir a pixirica e o bigurrilho. E ejaculação não é a mesma coisa que orgasmo. É possível atingir o clímax sem fazer meleca! Quem lembra do sexo tântrico?
Quanto a questão da ereção, é realmente muito peculiar a cada caso. Mas, se o amigo Jonny não sobe de jeito nenhum, hoje temos uma gama de drogas que podem ser utilizadas: Viagra, Cialis, Papaverina, Caverject... A moça vai pedir água! Tem uns remedinhos que garantem até 10 horas de ereção! E se o homi não é adepto ao uso de fármacos, tem aquela piada antiga, quem precisa de p... tendo dedo e língua... No caso da falta de lubrificação das mulheres, taca gel ou ky nela!
E pra provar que pra tudo dá se um jeito nessa vida, se o homem ficar com baixa contagem de espermatozoides e/ou perder a capacidade de ejaculação pode ser feita inseminação artificial. Sim, ele pode ser papai!
Mas, devagar!  Nada de automedicação! Para ter uma boa orientação é recomendável que os rapazes busquem um urologista e as meninas um ginecologista.
Bueno tchurma, o fato é que existe um tabu tremendo em torno do assunto e uma carência abismal de informação. Logo que tive a lesão, pesquisei horrores na Internet e não achei quase nada, tive que descobrir tudo 'a dois' na marra!Independente de existir uma lesão ou não, o sexo faz parte da vida do ser humano! E já que é pra gozar a vida na plenitude, vamos desfrutá-la em todos os seus aspectos! Motéis adaptados já!
De volta a história do Dia do Orgasmo, a Tania soltou uma pérola no Twitter: Nem sabia que pra gozar tinha dia.

SEXUALIDADE

O portador da lesão medular e o sexo

notícia sobre o Bordel Holandês, me fez atentar sobre os deficientes físicos e o sexo. Lembrei imediatamente do filme do filmeCarne Trêmula de Almodóvar, inspirado no livro de Ruth Rendell. E apesar do filme não ter como tema central o drama do deficiente físico, nele Javier Bardem é um ex-policial cadeirante que tenta levar uma vida normal (social e sexual) após ter lesado a medula em um tiro acidental.
O filme é muito mais do que este fato, como todo Almodóvar, é uma crítica social regada a muito drama e sexo. A cena mais conhecida do filme é a que ilustra o poster (corpos de um homem e uma mulher invertidos e juntos), no entanto, não é esta que quero destacar.


Em Carne Trêmula, Javier Bardem e Francesca Neri, protagonizam uma cena que ilustra bem a dificuldade, mas também a sensualidade e possibilidade do prazer entre uma mulher normal e um cadeirante. Na cena, ela faz uso da barra que ele tem próxima à banheira, para segurar-se nela facilitando o sexo entre eles. Já tem um tempo que vi o filme, mas lembro que esta cena em especial era muito erótica.

A realidade sexual do portador de lesão medular

Sei que o universo da deficiência física é muito mais amplo que a lesão medular, mas preferi comentar sobre essa deficiência já que trata-se de algo, infelizmente, comum em nossa sociedade atual. Em tempos de balas perdidas e acidentes de trânsito indiscriminados, a re-socialização do cadeirante a níveis sociais, psicológicos e sexuais, tem que ser discutidas à exaustão para sensibilizar sociedade e as autoridades.
Uma pesquisa feita entre portadores de lesão medular, mostrou que 60% das mulheres e 50% dos homens, não tinham vida sexual após a lesão. E este desinteresse devia-se à própria condição física de estar em uma cadeira de rodas. Aspectos físicos e motores comprometiam a auto estima e também o vilão maior: o descontrole esfincteriano.
O resgate da sexualidade e a participação do deficiente físico na comunidade. Esta é a proposta de Fabiano Puhlmann, psicoterapeuta especializado em deficiência física. O autor esclarece dúvidas sobre tratamentos, recursos e atitudes a serem mantidas para uma sexualidade plena e as dificuldades enfrentadas pelos deficientes contra o preconceito.O medo da possibilidade de eliminar urina ou evacuar durante o ato sexual, trancafia o portador em um celibato voluntário. E para reverter este pensamento, o mais indicado é a terapia sexual. Uma orientação sobre o físico e o psicológico. A princípio, a troca de informações e experiências entre os portadores é fundamental para a aceitação e entendimento. Em um segundo momento, o portador é encaminhado a um urologista que apresenta a realidade médica e possibilidades terapêuticas.
Certamente este assunto ainda voltará à tona, já que estou preparando uma série de posts à respeito disso, mas por enquanto, indico a leitura do livro Revolução Sexual Sobre Rodas, de Fabiano Puhlmann, psicoterapeuta especializado em deficiência física.

Sexo é vida!

Encontrei um breve texto da pedagoga Gisela Bordwell que aborda fatos interessantes nesta vivência sexual. Para Gisela, que pesquisou bastante sobre o assunto, o principal limitador da sexualidade do lesado medular é o preconceito, próprio e de quem rodeia. E destaca o envolvimento emocional e as fantasias sexuais como grandes aliados na satisfação da libido.
“(…) A criatividade sexual bem explorada é sempre bem-vinda, proporcionando o prazer da proximidade dos corpos, cheiro de suor, toque da pele e a imaginação de união num grau máximo. É a sensação de duas pessoas serem uma só, mesmo que seja num nível imaginário. Fantasias podem e devem ser usadas como meios de sedução, porém não se deve construir uma relação baseada apenas em fantasias. Essa postura seria como construir uma casa sem nenhum alicerce, ou seja, a destruição é certa. Deve sempre ficar muito claro para o casal o que se espera daquela relação para não haver sofrimentos. Todos esses detalhes bem explorados são fortes artimanhas para uma relação saudável quando acompanhados de propósitos bem definidos.
Estes pequenos truques, quando acompanhados por trocas de palavras que agradam ao coração, palavras de carinho, conforto e apoio moral levam a uma relação completa. O mesmo ocorre quando, através um olhar de aceitação plena entre duas pessoas que se sintam completamente envolvidas emocionalmente na relação por algum charme especial. Também quando a pessoa sente intuitivamente que seu companheiro está se aproximando sem ser avisada. Ou ainda, quando uma delas tem o pressentimento de que o outro está em perigo ou está muito feliz. Tudo isso é resultado de uma cumplicidade muito grande quase sem explicação. Como uma entrega total entre o casal. Algo, por que não dizer, divino, possível de acontecer. (…)” Gisela Bordwell

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